segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Moradores do Maracá discutem 
modelo de protocolo comunitário
Da Redação
Agência Amapá 
agenciaamapa.com.br/noticia/32880
O Assentamento Agroextrativista do Maracá, localizado no município de Mazagão, reuniu nos dias 22 e 23 de fevereiro lideranças dos assentamentos da região e do Arquipélago do Bailique para discutir um modelo de protocolo comunitário.

A iniciativa foi proposta pelo Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e contou com a participação do Governo do Amapá, representado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O objetivo da reunião foi propor e criar, juntamente com as comunidades, um modelo de protocolo comunitário, que surgiu da necessidade de capacitar e empoderar as comunidades em assuntos referentes ao acesso ao patrimônio genético e conhecimento tradicional associado. Além disso, o protocolo servirá de instrumento para subsidiar as comunidades na participação de projetos, facilitando o desenvolvimento sustentável e a conservação da biodiversidade local.

Durante o encontro foi feito o nivelamento de conhecimento sobre definição de biodiversidade; Convenção de Diversidade Biológica (CDB); Protocolo de Nagoia; Apresentação e discussão sobre a atual Medida Provisória e definição de temas que deverão estar presentes no protocolo.

De acordo com o presidente Nacional do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Rubens Gomes, o protocolo é a ponte que o Maracá precisa para a efetivação do desenvolvimento organizado aliado ao conhecimento.

A diretora-presidente do Instituto Estadual de Florestas, Ana Euler, apoia a implantação do protocolo, pois enxerga, no documento, a grande chance de independência e crescimento dos assentamentos.

Para Cecil Maya, analista Ambiental do ICMBio, o protocolo é um instrumento necessário e importante à organização comunitária, que, só assim, terá um acesso qualificado aos recursos que garantirão o crescimento sustentável.
E é este crescimento que deseja o representante da Associação dos Trabalhadores do Baixo Rio Preto (Ataex), Rosemiro Chucre, que se uniu à maioria dos assentados que apoiam o protocolo.

"Só se faz progresso se tiver ordem, e é justamente isso que temos procurado para nosso assentamento. Precisamos que nosso bem maior seja valorizado, meu povo está cansado de entregar nossa mercadoria por qualquer preço, nós buscamos a organização no nosso setor, pois, só assim, teremos o crescimento esperado. E vejo no protocolo a grande solução para centenas de problemas que só nós que moramos aqui sabemos das dificuldades", desabafou o produtor.

Amapá em destaque
O Maracá, por ser o maior assentamento do Estado, com 562 mil hectares e mais de 1.500 famílias, foi o local escolhido, pelo GTA, para a realização da primeira capacitação no sentido de propor modelo de protocolos comunitários a povos e comunidades tradicionais da Amazônia Legal detentoras do conhecimento tradicional e mantenedora dos estoques dos recursos genéticos.

O impasse
Não houve consenso entre as lideranças dos assentamentos do Maracá quanto à implantação do protocolo. Já os representantes do Arquipélago do Bailique demonstraram total interesse para implementação do protocolo, onde, em breve, iniciarão o processo de efetivação da proposta.
No Maracá haverá uma assembléia no dia 2 março para discussão e decisão conjunta entre os representantes dos assentamentos de modo que, assim, possa ser iniciado o processo de implantação do protocolo.

Lilian Guimarães/IEF