Vetos ao Ato Médico são vitória do SUS e da população, avaliam profissionais de saúde
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom /ABrAto Médico: Dilma veta item que permitia somente a médicos aplicar injeções
11/07/2013 - 16h54Aline Leal Repórter da Agência Brasil
Brasília
– Profissionais de saúde não médicos avaliam como uma vitória o
veto parcial da presidenta Dilma Rousseff ao sancionar a lei que
regulamenta o exercício da medicina, conhecida como Ato Médico.
Um
dos trechos vetados foi o Inciso 1 do Artigo 4º que estabelecia ser
privativo aos médicos o diagnóstico e a prescrição terapêutica
(tratamento) de doenças. Ao justificar o veto, a Presidência da
República alegou que a medida iria afetar programas da rede pública
de saúde, que funcionam com atuação de diversos profissionais de
saúde. O inciso motivou protestos de diversas categorias, como
fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos.
“A
aprovação deste dispositivo traria restrições ao trabalho de
outros profissionais de saúde. Hoje, por exemplo, pacientes com
doenças como malária, tuberculose e dengue são diagnosticadas ou
iniciam o tratamento com profissionais de enfermagem e têm
acompanhamento por equipes compostas por médicos”, explica o
governo, em nota.
Para
a presidenta do Conselho Federal de Enfermagem, Márcia Krempel, quem
ganha com o veto é a população e o Sistema Único de Saúde (SUS).
“Com o veto, o SUS vai continuar funcionando de uma forma não
hierarquizada, todos os profissionais tendo o mesmo peso e o mesmo
valor”, disse.
O
Conselho Federal de Psicologia (CFP) também comemorou a decisão do
governo. De acordo com o conselho, se o trecho fosse sancionado, os
psicólogos "não poderiam mais diagnosticar transtornos
mentais". "Assim, o CFP apoia a decisão da presidente
Dilma que, em seu veto, defendeu o Sistema Único de Saúde e a
atuação integrada dos profissionais da área. A presidente
ressaltou que a sanção do texto 'poderia comprometer as políticas
públicas da área de saúde, além de introduzir elevado risco de
judicialização da matéria'", diz nota do conselho.
A
presidenta Dilma Rousseff vetou ainda dispositivos que impediam a
atuação dos demais profissionais na indicação de órteses e
próteses, inclusive oftalmológicas, uma das principais
reivindicações dos optometristas, que atuam nos cuidados da visão
e podem prescrever o uso de óculos. De acordo com a categoria, caso
o Ato Médico fosse sancionado integralmente, a profissão seria
extinta, mesmo com curso superior reconhecido pelo Ministério da
Educação.
Agora,
os vetos presidenciais serão apreciados pelo Congresso Nacional, que
pode derrubá-los se entender necessário. “Vamos ficar vigilantes
e manter a categoria mobilizada para que o veto seja mantido”,
disse Márcia Krempel.
Edição: Carolina Pimentel
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